quinta-feira, 26 de novembro de 2009

OS FILMES DE KUNG FU MAIS ESQUISITOS

Quando se assiste a um filme de kung fu, normalmente o que interessa são as lutas e cenas de ação. Quanto mais complexas, intricadas e acrobáticas, melhor. A presença de astros conhecidos ajuda, mas não é essencial. O roteiro e os diálogos, consequentemente, ficam em segundo plano (embora possam enriquecer muito um filme, como em Herói, O Clã das Adagas Voadoras, O Tigre e o Dragão e O Mestre das Armas). Entretanto, o mínimo que se espera de um roteiro de um filme de pancadaria é uma história simples que, se não ajuda, pelo menos não atrapalha as cenas de luta. Mas existem alguns filmes de luta com histórias e conceitos tão esquisitos ou malucos que não se entende nada! Vou citar alguns; quem souber de outros, comente que eu procuro mais informações, ok?


CAÇADORES DE VAMPIROS DE TSUI HARK

Já comentado levemente no post sobre vampirismo, é mais um exemplo do que eu chamo de "filmes com capas picaretas". Se você olhar a capa do DVD e ler a sinopse atrás, vai pensar que é um filmão! Ainda mais com o nome de Tsui Hark no título, apesar de ser apenas o produtor. Cá entre nós, não gosto muito dos filmes dele. Os roteiros sempre são um pouco confusos e as cenas meio rápidas demais, normalmente com cabos. Este não é exceção. A hitória é confusa e as lutas são meia-boca. Agora, o que estraga o filme é que NÃO TEM VAMPIRO! A não ser que você possa chamar de vampiro uns bonecos imóveis de mortos-vivos pendurados no teto! Você fica tão constrangido que não aguenta assitir até o final. Quem gostou do filme, por favor, justifique, pois acho impossível alguem ter gostado!


ZHANG, O BÁRBARO / O CULTO DO MAL


Lançado pela China Vídeo como Zhang, o Bárbaro e numa edição de banca como O Culto do Mal (uma tradução mais fiel ao original, The Evil Cult), o filme é baseado em uma série de livros e é estrelado por Jet Li e tem participação de Sammo Hung! Com tudo isso, não tinha como ser ruim, certo? Errado! Apesar de ser um típico wuxia (passado em um mundo à parte, onde os espadachins podem voar e têm diversos poderes) o filme é tão rápido e confuso que você não entende nada do que está acontecendo. Li é um órfão impedido de aprender kung fu devido aos efeitos de um golpe fatal. Após cair em um precipício, é curado e treinado por um mestre amarrado a uma pedra! Vários personagens aparecem e desaparecem sem maiores explicações e o filme acaba de maneira abrupta e inconclusiva (provavelmente por ser o primeiro de uma série, mas como não fez sucesso, parou por aí). Colecionadores e fãs de Jet Li podem conferir, mas depois não digam que eu não avisei!



A CHAMA SAGRADA DO KUNG FU


Um dos filmes mais malucos que eu já vi, conta a história de um casal de irmãos separados ao nascer. seus pais morreram ao enfrentar um casal de bandidos. A menina é criada pelos bandidos e o rapaz é criado por um ancião conhecido como o Fantasma (Philip Kwok, pagando mico), cujo golpe de kung fu é uma risada fatal! É isso mesmo, quem houve tem seus órgãos vitais explodidos! A técnica de defesa é ainda mais bizarra: o herói consegue "fechar" os ouvidos! Os dois irmãos se encontram e se enfrentam, disputando uma arma, a tal "Chama Sagrada" do título. Todo mundo voa, aparecem umas luzinhas toscas simbolizando sei lá o quê e no final os irmãos se unem para enfrentar os bandidos! Uma maluquice inacreditável!

sábado, 7 de novembro de 2009

Análise: STAR TREK


Quando o diretor e produtor J.J. Abrams ( a mente por trás de Fringe, Lost, Cloverfield e Missão Impossível III) assumiu o comando do novo filme da franquia Star Trek (Jornada nas Estrelas), trekkers do mundo inteiro ficaram ao mesmo tempo entusiasmados e apreensivos. Ao mesmo tempo em que o diretor tinha o "fator nerd" necessário para assumir a tarefa, será que ele conseguiria fazer uma abordagem boa o suficiente para agradar tanto a trekkers quanto ao público em geral?


O primeiro acerto de Abrams foi seguir a tendência mundial do cinemão americano: reinventar o ícone. Assim como em Cassino Royale, Agente 86 e Batman Begins, o foco da história é a origem dos personagens clássicos. Ou seja, mostrar Kirk, Spock, McCoy, Sulu, Uhura, Scotty e Chekov como cadetes novatos, em sua primeira missão na Enterprise.
A escolha do elenco também foi inspirada. Nada de astros conhecidos, mas todos talentosos e com algo a contribuir para a reinterpretação de personagens cultuados há mais de 30 anos. Uma das primeiras aquisições foi Zachary Quinto (o vilão Sylar de Heroes) como Spock. Já para o papel de James T. Kirk a escolha foi mais demorada. Não deixou de causar surpresa a escalação de Chris Pine (o par romântico de Anne Hattaway em O Diário da Princesa 2 e Lindsay Lohan em Sorte no Amor) para o papel do protagonista, mas é inegável que tanto ele como todos os outros estão perfeitos nos papéis. Para o papel de McCoy, o médico ranzinza que é o melhor amigo de Kirk, a surpresa foi a escolha de Karl Urban, mais conhecido como herói anabolizado de filmes como Doom, Desbravadores e O Senhor dos Anéis, mas que faz um excelente trabalho. Zoe Saldana, que coincidentemente fez o papel de uma trekker em O Terminal, faz uma Uhura deliciosa. Simon Pegg, Anton Yelchin e John Cho conseguem equilibrar humor com seriedade nos papéis de Scotty, Chekov e Sulu, respectivamente.
O filme já começa eletrizante, com uma batalha entre uma nave da Federação, a USS Kelvin (onde estão a bordo os pais de Kirk) e uma gigantesca nave romulana, comandada por Nero (interpretado por Eric Bana, talvez o nome mais conhecido do elenco, embora irreconhecível sob a maquiagem). Testemunhamos o nascimento de Kirk e um pouco de sua rebeldia adolescente, e acompanhamos a luta do pequeno Spock para ser aceito apesar de ser metade humano. Ambos estão em busca de sua identidade e de seu lugar no mundo e acabam se alistando na Frota Estelar. Kirk logo faz amizade com Leonard McCoy e flerta, em vão, com Uhura. Após 3 anos, uma ameaça ao planeta Volcano faz com que os cadetes embarquem em sua primeira missão a bordo da mais nova nave da Federação, a USS Enterprise, sob o comando do capitão Christopher Pike (Bruce Greenwood). Tanto Kirk quanto McCoy, Uhura, Sulu e Chekov são inexperientes, e ainda não desempenham suas funções do modo com o qual o público está acostumado.
Spock já é um brilhante comandante (embora em constante luta com seus sentimentos humanos), e logo bate de frente com Kirk (carregado de energia e rebeldia pós-adolescente). A relação dos dois sempre foi um dos alicerces da série clássica, e o choque entre as duas personalidades dá o tom do filme, como o fazia na série clássica.
Star Trek equilibra referências da franquia (a mais explícita é ninguém menos que Leonard Nimoy adivinhe no papel de quem) com cenas de ação impressionantes. A minha cena favorita é quando Kirk e Sulu saltam de uma nave e, em queda livre, têm de acionar seus paraquedas e pousar em uma plataforma que está perfurando o planeta Volcano. Lá, eles enfrentam dois romulanos (Sulu armado com uma espada e Kirk golpeando com seu capacete), em uma cena de pancadaria nunca vista nem na TV, nem no cinema!
Resumindo, Abrams fez direitinho a lição de casa, o que resultou em um filme que agrada a gregos e troianos (ou seja, trekkers e gente comum). Eu mesmo nunca fui fanático pela franquia (embora um dos meus filmes favoritos seja Star Trek: Primeiro Contato), mas se os rumores estiverem certos e este for o primeiro de uma nova franquia (o filme foi o que mais faturou de todos), o próximo filme já está na minha lista!
O DVD traz faixa de comentários, making of e erros de gravação. Nada demais, mas o filme em si já é imperdível!

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O VAMPIRISMO NOS DIFERENTES GÊNEROS - Terror, Ficção, Comédia, Romance e até Artes Marciais!


As lendas dos vampiros são uma grande fonte de inspiração para o cinema. É claro que o gênero mais comum para os mortos-vivos sugadores de sangue é o terror, mas praticamente todos os outros já beberam na fonte.
A principal referência é o romance Drácula, de Bram Stoker. Escrito em 1897 e baseado em um personagem real (o príncipe Vlad, "o empalador", que unificou a Romênia expulsando os turcos), o livro consolidou a imagem do vampiro que se tornou o padrão para todas as histórias posteriores sobre o tema (elementos de sexualidade e sedução, paradoxalmente vinculados com morte e peste). O primeiro filme baseado na lenda foi o clássico Nosferatu, de 1922 (o diretor F.W.Murnau mudou o nome para não pagar os direitos autorais a Stoker) em que o protagonista (Max Schreck) assemelha-se a um roedor, caracterização também adotada na refilmagem de 1979 (com Klaus Kinski). O filme London After Midnight (1927) codificou a imagem do vampiro, com a indefectível capa preta. Mas foi com Drácula (1931), dirigido por Ted Browning, que a figura clássica do conde vampiro ficou eternizada na caracterização de Bela Lugosi, que repetiu o papel em vários filmes posteriores. Na década de 1950, a produtora Hammer dissemina o personagem como um vilão tradicional (com enfâse na violência, na sensualidade e na angústia interior), sob a figura de Christopher Lee, que não raro, era antagonizado por outro célebre personagem do livro de Stoker, o Dr. Abraham Van Helsing (este, por sua vez, imortalizado por Peter Cushing). Nas décadas seguintes o tom era mais cômico, como nos programas de TV Os Monstros e Don Drácula e, no cinema, A Dança dos Vampiros (1967), Rock Horror Picture Show (1975) e Amor à Primeira Mordida (1979). Drácula, de 1979, é mais fiel ao romance, mas os anos 80 caracterizam-se por apresentarem versões mais jovens e modernas, como em A Hora do Espanto (1985) e Garotos Perdidos (1987), despertando o interesse da geração MTV. Mais recentemente, filmes com vampiro procuraram priorizar a ação e os efeitos especiais, como em Vampiros de John Carpenter (1998), Drácula 2000 (este reinterpretou a lenda, revelando como a origem do conde ninguém menos que Cain!), Entrevista com o Vampiro (1994), baseado em um dos livros de Anne Rice, e a série de TV Buffy. A versão mais romântica e fiel do livro é o espetacular filme de Francis Ford Coppola, Drácula de Bram Stoker (1992), resgatando a personalidade sedutora, apaixonada e atormentada do vampiro (em uma magistral performance de Gary Oldman). Atualmente, esta é a versão mais propagada, graças ao sucesso da escritora Stephenie Meyer, da saga Crepúsculo (que já iniciou uma bem-sucedida carreira no cinema) e da série de TV True Blood, ambos apresentando vampiros apaixonados em uma constante dúvida entre preservar a pessoa amada e abraçar sua natureza vampírica.

Além do terror, da comédia e do romance, outros gêneros abordam o tema do vampirismo. Na ficção científica, os vampiros significam um perigo para a integridade da espécie humana inteira, mas aparecem mais como zumbis, como em Força Sinistra (1985) e Eu Sou a Lenda (2007).
Os dentuços estão até em filmes de ação desenfreada e estética de quadrinhos, como Van Helsing (2003) e a série Blade (esta realmente saída das histórias em quadrinhos).



Até o nosso gênero favorito, os filmes de kung fu, têm os seus exemplos: A Liga Contra o Mal (um caça-níqueis fraquinho, apesar da participação de Jackie Chan) e Caçadores de Vampiros de Tsui Hark. Este último é inacreditável de tão ruim! Apesar de algumas coreografias interessantes, o roteiro é incrivelmente confuso (cá entre nós, como em todas as produções de Tsui Hark) e os vampiros se resumem a bonecos pendurados no teto! É de gargalhar (pena que não é comédia)...


Enfim, seja no gênero em que foi consagrado (o terror), seja em gêneros aparentemente distintos (comédia, romance, ficção e até nossos adorados filmes de kung fu), a verdade é que os vampiros sempre estão em evidência no cinema.
A propósito (ainda que um pouco atrasado), feliz Halloween!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A MORTE EM MINHAS MÃOS: O PRIMEIRO FILME DE KUNG FU!


Até os anos 70, quando se falava em filmes de kung fu, o gênero oficial era o que denominamos hoje de wuxia, histórias passadas em um mundo à parte, em que espadachins lutavam entre si e, não raro, até voavam! As lutas de espadas eram coreografadas como uma dança, tendo como a maior referência o filme O Grande Mestre Beberrão (1966), de King Hu. Um dos grandes astros de artes marciais daquela época (leia-se, dos estúdios Shaw Brothers) era Jimmy Wang Yu (creditado muitas vezes apenas como Wang Yu), que fez grandes clássicos, como Temple of the Red Lotus (1965) One-Armed Swordsman (1967) e Golden Swallow (1968). Ele foi o antecessor de Bruce Lee, cujo legado dominaria a década seguinte. Em 1970, Wang Yu estrelou e dirigiu o que é considerado o primeiro filme de kung fu como o conhecemos hoje, A Morte em Minhas Mãos (The Chinese Boxer).

Wang Yu é Lei Ming, criado desde criança pelo mestre de uma escola de kung fu. Logo no início, a escola é desafiada, mostrando um dos temas favoritos de Wang Yu (e, consequentemente, de quase todos os filmes do gênero posteriores), a rivalidade entre chineses e japoneses. Um mestre japonês de judô (Chao Hsiung), derrota vários alunos da escola, até que o mestre aparece e o derrota. Sedento por uma revanche, o japonês promete voltar com um grupo de karatecas. O mestre fica preocupado, dizendo aos alunos o quão perigoso é o karatê, e explica que a únca forma de derrotá-lo é unindo duas técnicas de kung fu, a palma de ferro e o salto iluminado. Logo o grupo de karatecas aparece, liderados pelo perigoso Kita (o grande Lo Lieh, um dos vilões mais requisitados da Shaw), que mata o mestre e quase todos os alunos, com exceção de Lei Ming, é claro. Com a ajuda de Siu Ling, a filha do mestre e sua noiva, ele se recupera e treina as técnicas mencionadas pelo mestre, planejando se vingar. Mascarado, ele sabota os cassinos dos vilões, e derrota seus cobradores de dívidas. Não demora para ele enfrentar os japoneses, incluindo lutadores de kendô, o mestre de judô e claro, o vilão Kita no clímax do filme.

A Morte em Minhas Mãos apresentou várias características que se tornariam padrão no gênero, como a trama de vingança, os japoneses como vilões, lutas demoradas e contra vários oponentes (ainda um pouco lentas aqui), saltos impossíveis, e principalmente o treinamento, sempre rápido e filmado de maneira simples mas que possibilita ao herói derrotar todos os vilões! Enfim, um clássico, devidamente lançado há alguns anos pela China Vídeo com a qualidade que merece (remasterizado, widescreen e com extras)!