quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Análise: OS MENINOS SUPERPODEROSOS

Apesar do título nacional horroroso, que lembra uma versão masculina do famoso desenho animado do Cartoon Network, este filme é o novo petardo dos produtores de ONG BAK, O PROTETOR, ONG BAK 2, NASCIDO PARA LUTAR e CHOCOLATE. Parafraseando o trailer, depois de talentosos atores/lutadores adultos (Tony Jaa em ONG BAK e O PROTETOR; Dan Chupong em NASCIDO PARA LUTAR) e uma arrasadora lutadora adolescente (Jeeja Yanin em CHOCOLATE), qual o próximo passo? Claro! Uma equipe de crianças fazendo as mesmas coreografias insanas dos filme já citados!

O filme conta a história de 5 crianças que treinam Muay Thai em uma escola. O mais novo deles, Wun, está com o coração doente, e precisa urgentemente de um transplante. Um doador é encontrado e seu coração é retirado. Porém, antes de ser encaminhado para o hospital onde está Wun, o hospital é invadido por terroristas de uma milícia local, liderados pelo grande Johnny Nguyen (de O PROTETOR e O REBELDE). Como o coração precisa ser transplantado em 4 horas, o quatro meninos entram no prédio do hospital e enfrentam os bandidos para recuperar o precioso coração! Como sempre, a história é o de menos... o que importa são as cenas de ação, e elas não decepcionam. Dá até dó de pensar no treinamento dessas crianças, pois elas fazem praticamente os mesmos movimentos que Tony Jaa e Jeeja Yanin!
Claro que o ponto alto do filme é o clímax, a luta final entre os quatro moleques e Johnny Nguyen (que, obviamente, está mais contido; afinal está batendo em crianças, hehehe). Desconsiderando o aspecto extremamente fictício do filme (quatro crianças de no máximo 12 anos dando uma surra em um experiente e forte lutador adulto), a luta é nervosa e empolgante, como já era de se esperar em um filme de ação tailandês. Se é isso que você espera encontrar, pode conferir sem medo. Esqueça a história infantil bobinha e divirta-se.
Nem vou comentar sobre o DVD, pois é aquela história de sempre (fullscreen, sem extras...).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Análise: BESOURO


BESOURO foi um filme muito comentado no ano passado. Desde que o trailer começou a ser divulgado, os fãs de filmes de luta se entusiasmaram.. Aparentemente, o cinema brasileiro tinha tudo para fazer o que a indústria cinematográfica chinesa fez com o seu gênero wuxia: filmes de ação em que a arte marcial (no caso, o kung fu) se mistura com elementos mágicos baseados na cultura chinesa. No caso de BESOURO, a história de um dos maiores capoeiristas da história do Brasil mescla a genuína arte marcial brasileira, a capoeira, com o misticismo baiano. Para completar, as cenas de luta foram coreografadas por Dee Dee, um dos coreógrafos de Matrix e O Tigre e o Dragão!


Entretanto, após o lançamento, a crítica torceu o nariz. Agora, com o lançamento em DVD, pode-se fazer uma análise mais profunda. Este foi o trabalho de estréia do diretor João Daniel Tikhomiroff (embora seja um experiente diretor de filmes plublicitários), e isso fica evidente na direção inexperiente, apesar do apuro visual. Um dos principais pontos fracos do filme é o elenco. Ao optar por escalar autênticos capoeiristas (sem experiência artística) para o trio de protagonistas ao invés de atores experientes, o diretor sacrificou a profundidade emocional exigida. As cenas de luta são bem coreografadas, apesar de escassas, na minha opinião. O roteiro também é mero pretexto para as cenas de luta e a belíssima fotografia. Apesar de Besouro ter realmente existido, o diretor se baseou nas lendas, não na história real. No Recôncavo Baiano dos anos 20, os negros, apesar de numerosos e teoricamente livres, ainda são tratados como escravos pelo latifundiário da região, o coronel Venâncio e seus capangas, liderados pelo sádico e racista Noca de Antônia. A população negra está cada vez mais intolerante, graças à liderança de Mestre Alípio, que, jurado de morte, é protegido pelos inúmeros capoeiristas que formou, entre eles Besouro, um de seus principais discípulos. Devido a um descuido de Besouro, Mestre Alípio é assassinado pelos capangas do coronel. Tomado pela culpa, Besouro se refugia na floresta e, guiado pelo espírito de Mestre Alípio, é abençoado pelos orixás, que o deixam com o "corpo fechado". A partir daí, Besouro passa a ser o principal inimigo do coronel Venâncio, mas seus capangas o perseguem sem êxito, alegando que "ele voa".
Apesar do resultado irregular, há de se destacar a coragem do diretor, ao apostar em um gênero tão incomum para os padrões brasileiros. Só o fato de investir em um filme de fantasia e lutas já é motivo de alegria para nós, que adoramos filme de pancadaria.

O DVD tem vários documentários interessantes, apesar de curtos, detalhando vários aspectos do filme, incluindo o preparo dos atores, a trilha sonora, a fotografia, a coreografia das lutas, além do making of propriamente dito. Eu, particularmente, gostei do filme! Que venham outros do gênero!