domingo, 7 de março de 2010

Análise: NINJA ASSASSINO


Os filmes de ninja constituem um subgênero importante nos filmes de artes marciais, principalmente devido aos filmes estrelados pelo grande Sho Kosugi. Ultimamente, os ninjas andavam esquecidos, obscurecidos pelos guerreiros voadores dos "wire fu" chineses e dos arrasadores filmes de pancadaria tailandeses, entre outros. Quando NINJA ASSASSINO foi anunciado, os fãs desse tipo de filme ficaram ao mesmo tempo entusiasmados e apreensivos. O entusiasmo se deve ao retorno de Sho Kosugi (que aqui faz o mestre do clã assassino). O papel do protagonista foi a grande preocupação de todos, devido à inexpressividade do astro pop Rain. De fato, a escolha compromete o filme, que necessitaria de um ator com mais carisma (ou, pelo menos, de um ATOR propriamente dito) e que transmitisse mais credibilidade.
Claro que o que interessa são as lutas. Extremamente violentas (a quantidade de sangue não perde muito para Kill Bill), a sensação que transparece é que os realizadores procuraram aumentar a velocidade para encobrir uma eventual falta de criatividade. Além disso, o acréscimo de efeitos de computação gráfica (principalmente para simular os efeitos das armas) procura estabelecer uma conexão com a platéia globalizada de hoje, mas não são tão inovadores, apesar de interessantes.
O filme conta a história de Raizo, que foi treinado desde criança na arte do ninjitsu por um clã secreto. Depois de um exaustivo e doloroso treinamento, ele se torna uma das mais letais armas humanas do planeta. Após sua primeira missão, Raizo se rebela contra a ordem para matar uma colega de treinamento (que ansiando por liberdade, havia tentado fugir) e foge. A partir daí, é jurado de morte e declara guerra ao clã. Quando uma policial investiga o clã, torna-se um alvo e seu mundo colide com o de Raizo, que a salva. Capturado, Raizo dependerá de suas habilidades para o confronto final com seus antigos companheiros e seu mentor. Obviamente ele lutará com o ninja mais habilidoso antes do acerto de contas com o mestre (o "subchefe e o chefão de fase" finais, claro). Embora empolgante, poderia ter rendido mais.
O resultado final é irregular, mas merece aplausos pela iniciativa da retomada de um gênero há algum tempo esquecido!

quinta-feira, 4 de março de 2010

TRÊS FILMES "CABEÇA" DE FICÇÃO CIENTÍFICA

O cinema de ficção científica é sinônimo de entretenimento, principalmente devido a espetáculos de efeitos especiais como as cinesséries Star Wars, Star Trek, Exterminador do Futuro, Matrix e claro, Avatar. Mas existem alguns filmes que vão além dos efeitos e da técnica, dando atenção especial na história e nas idéias por trás do visual. Claro que não é uma aposta certeira e com apelo junto ao público, mais acostumado a desligar o cérebro por duas horas e engasgar com pipoca a cada cena de encher os olhos. Filmes mais cerebrais, ou - como eu costumo chamar - filmes de ficção científica "cabeça" são um gênero à parte. Vou comentar três que eu adoro. Dois já são mais que clássicos; o outro acaba de ser lançado em DVD.


2001 - UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO





Claro que este não poderia faltar. Não é apenas um dos maiores filmes de ficção científica de todos os tempos; é simplesmente O MAIOR filme de ficção de todos os tempos. Arthur C. Clarke e Stanley Kubrick conceberam o que talvez seja a maior obra-prima do gênero. Foi um marco na época, e até hoje, mais de 30 anos depois, continua impressionante. Duvida? Procure assistir e pense que naquela época os efeitos não eram computadorizados, e que era tudo feito na raça. Você não vai conseguir evitar o pensamento "como diabos eles fizeram isso naquela época?". Os efeitos realistas e absolutamente fundamentados cientificamente deixaram de queixo caído moleques como Steven Spieberg, George Lucas e James Cameron. Este último, inclusive, ficou tão emocionado que decidiu ser cineasta depois de ver o filme (o que resultaria, anos mais tarde, em obras-primas como Aliens, O Exterminador do Futuro, O Segredo do Abismo e Avatar). O filme começa retratando o passado pré-histórico do homem, influenciado por um estranho monolito aparentemente alienígena. Após um corte abrupto (e brilhante), nos vemos no futuro, onde as viagens e pesquisas espaciais são rotina. Predominantemente visual, contemplativo e lento (ao som de música clássica!), o filme acompanha um grupo de pesquisadores que vai investigar o estranho monolito visto no início do filme, e após um misterioso acidente, a história se concentra em uma nova nave, comandada por dois astronautas solitários e um dos personagens mais interessantes do filme, o supercomputador HAL 9000. O computador se rebela, um dos astronautas tem que tomar medidas drásticas para se salvar e já estamos no epílogo, que é propositadamente feito pra você fundir os neurônios. Daí consiste toda a genialidade de Kubrick, que deixa várias perguntas sem resposta, deixando as interpretações a critério de cada espectador. O DVD duplo contém vários extras, incluindo o making of com depoimentos de Spielberg, Lucas, Cameron, Arthur C. Clarke e revelações de alguns efeitos. Imperdível!


BLADE RUNNER - O CAÇADOR DE ANDRÓIDES

Ridley Scott, de Alien - o Oitavo Passageiro, fez outro clássico, que não foi muito bem-sucedido nas bilheterias na época de lançamento (1982), mesmo com o astro Harrison Ford encabeçando o elenco. entretanto, o crescente interesse do filme nos relançamentos e em vídeo o tornaram um dos maiores cult movies do gênero. A opulência visual, revelando uma Los Angeles futurista, superpovoada e poluída, impressiona logo de cara. Ford é um ex-policial encarregado de caçar um bando de replicantes, andróides idênticos ao Homem que têm o objetivo de encontrar seu criador para conseguir mais tempo de vida, já que só vivem 4 anos. As coisas complicam quando ele se apaixona por uma replicante. As questões filosóficas e existencialistas se aprofundaram quando Ridley Scott lançou uma versão "do diretor", com algumas diferenças, como a ausência da narração em off de Ford e o final polêmico, sugerindo uma nova perspectiva do protagonista. Confesso que detestei o filme quando o vi pela primeira vez (naquela época eu ainda era um espectador típico, aquele que desligava o cérebro e esperava engasgar com a pipoca). Fui percebendo as qualidades do filme aos poucos, a cada nova revisão. O DVD triplo (!) ajuda nessa análise mais profuunda, já que tem a versão do diretor e mais três (!) versões. A primeira (a original de lançamento) é a minha preferida: acho que a narração em off de Harrison Ford aumenta a carga emocional da cena final ( a morte do replicante interpretado por Rutger Hauer). Outras têm sutis diferenças, como o aumento das cenas de violência. O terceiro disco contêm um longo making of entitulado "Dias Perigosos" (a primeira opção de título), com todos os detalhes da produção. Um dos mais completos lançamentos em DVD do mercado (uma raridade em filmes de ficção)!

LUNAR



Este filme ainda não é considerado um clássico (afinal, é do ano passado), mas tem tudo para chegar lá. Premiado em vários festivais internacionais em 2009 (como BIFA, o "oscar independente" britânico, e o Festival de Cinema Fantástico de Stiges), o filme foi dirigido por Duncan Jones, o filho de David Bowie (!), já demonstrando um fenomenal talento. Quantos atores você conhece que conseguem segurar um filme sozinho? Tom Hanks (Náufrago)? Will Smith (Eu Sou a Lenda)? Acrescente Sam Rockwell à lista! Ele é Sam Bell, um astronauta que está há três anos sozinho na lua, trabalhando na companhia mineradora Lunar, explorando uma fonte de energia no lado escuro de nosso satélite natural. Sua única companhia é o computador Gerty, que controla a base é a sua conexão com a Terra (ou seja, a empresa e sua família). Como seu contrato está para terminar, ele sonha com sua família, que finalmente voltará a reencontrar. O filme explora como o isolamento pode afetar uma pessoa psicologicamente, pois Sam começa a duvidar de sua sanidade. Após um incidente, Sam faz uma descoberta desconcertante, o que intensifica sua dúvida em relação à sua saúde mental e física, e, principalmente, ao seu papel na companhia, na sua família e em sua própria existência. As referências a clássicos de ficção (principalmente 2001- Uma Odisséia no Espaço) são grandes. Fica difícil não associar Gerty (voz de Kevin Spacey) com HAL 9000, embora com uma abordagem um pouco diferente. Se você quer um filme-pipoca típico, fuja! Mas se você quer um filme de ficção científica intrigante e envolvente, essa é a sua pedida. O DVD tem alguns bons extras, como making of, documentário sobre os efeitos e comentários, entre outros. O extra mais interessante é "Whistle", um curta metragem do diretor, mais um atestado do seu talento. Confira!