Não costumo acompanhar seriados, embora esteja sempre por dentro dos mais badalados, como Westworld, Black Mirror, Game of Thrones e The Walking Dead, sem falar nas já encerradas, como Lost, Star Trek, Fringe, Prison Break, etc. Confesso que não tenho muita paciência (muito menos tempo) para devorar séries, com dezenas de episódios e normalmente esticadas além do esperado.
A única exceção é THE BIG BANG THEORY, a minha série favorita (que já comentei aqui). E eu não sou o único, já que TBBT é a sitcom número 1 dos EUA. Já tem 11 temporadas (sendo que a próxima deverá ser a última) e cada um dos protagonistas (Jim Parsons, Johnny Galecki e Kaley Cuoco) ganha 1 milhão de dólares por episódio!
Com todo esse sucesso, já era de se esperar que TBBT ganharia um spin off, ainda mais com o fim iminente da série principal. E o caminho mais óbvio foi explorar o mais icônico e popular personagem da série, o Sheldon de Jim Parsons. Mais especificamente, a infância do gênio e sua relação com a família no Texas antes de se mudar para a Califórnia e o ambiente que conhecemos. Assim, surgiu YOUNG SHELDON, que teve sua primeira temporada lançada no ano passado.
A grande pergunta é: YOUNG SHELDON é melhor do que THE BIG BANG THEORY?
O maior desafio era encontrar um intérprete à altura de Jim Parsons (que narra os episódios em primeira pessoa, uma grande sacada da série). Iain Armitage faz o gênio de 8 anos entrando no ensino médio, e se sai muito bem, com todas as manias e trejeitos característicos do personagem, mas ainda crus e carregados de mais inocência.
Todo spin off tem que superar vários obstáculos: além de respeitar toda a "mitologia" da série-mãe, tem que encontrar seu próprio caminho. YS acerta ao se estabelecer como um seriado de época e não um sitcom, sem as risadas de fundo. Isso faz com que crie sua própria identidade, ainda mais quando se trata de um derivado de um programa tão popular.
O foco principal é a relação entre Sheldon e sua mãe, Marry (Zoe Perry). Extremamente religiosa e dedicada à família, Mary é o cerne da família e constantemente tem que lidar com o filho super-inteligente, muitas vezes negligenciando o marido e os outros filhos, o que já foi mencionado na série original. Curiosamente, Zoe Perry é filha de Laurie Metcalf, que faz a mesma personagem na série original!
Lance Barber faz George, o pai. Ironicamente, o ator já interpretou um ex-bully de Leonard na série original, o que rendeu várias piadas de paradoxo temporal. Em YS, George é um pai amoroso e dedicado, cujas decisões normalmente fazem o ponto de virada das tramas, resolvendo os conflitos. É interessante como esse perfil difere do apresentado na série-mãe, em que George (que nunca apareceu) é lembrado por Sheldon e a mãe como um alcoólatra violento que os abandonou. Será que durante a série essa mudança de personalidade será bem explorada? Espero que sim, pois até agora, parece um erro dos roteiristas, embora a relação dos pais com Sheldon seja adorável e um dos pontos altos da série.
George Jr. (Montana Jordan), o irmão mais velho e Missy (Raegan Revord), a irmã gêmea, têm uma dinâmica interessante no núcleo familiar. George Jr. é o típico adolescente popular não muito inteligente que tem que conviver com o irmão mais novo na mesma sala. Missy é um poço de energia e personalidade, responsável por muitas piadas. Sempre coadjuvantes do irmão, têm que disputar a atenção da família, que inevitavelmente gira em torno de Sheldon.
Um dos grandes destaques da série é Meemaw, a adorada avó de Sheldon. O personagem é importante pois Sheldon sempre se refere a ela com carinho na série original. Inesperadamente jovial e excêntrica, distancia-se da imagem de vovó típica. Está sempre bebendo, fumando e atormentando o genro George, e invariavelmente se mete em tantas enrascadas quanto os netos, É interpretada por Annie Potts. Não reconheceu, nerd? Pois ela fazia Janine, a secretária dos Caça-Fantasmas nos filmes!
E então? YOUNG SHELDON é melhor que a série que a originou?
Bem, YOUNG SHELDON ainda está no início, mas pelo menos criou sua própria identidade e se saiu muito bem. Ainda é pouco para fazer frente ao fenômeno que é THE BIG BANG THEORY, mas está no caminho certo e pode até superar a série-mãe.
Por hoje é só! Até a próxima!