terça-feira, 12 de abril de 2011

Análise: MACHETE



Em 2007, os diretores Quentin Tarantino (Kill Bill, Pulp Fiction) e Robert Rodriguez (A Balada do Pistoleiro, Era Uma Vez no México, Sin City) lançaram o projeto "Grindhouse", uma homenagem ao cinema "exploitation": sessões duplas de produções repletas de violência, sexo, efeitos toscos e muita mulher pelada... "Grindhouse" consistia de dois filmes, Planeta Terror (dirigido por Robert Rodriguez) e À Prova de Morte (dirigido por Tarantino), com trailers falsos, imagem propositadamente ruim e falhas de projeção, características dos gêneros homenageados. O projeto não teve muito sucesso, e no mercado internacional os dois filmes foram lançados separados.

Na época, um dos trailers falsos que mais chamou a atenção foi a do filme Machete, sobre um anti-herói que retalhava os bandidos com facões. O protagonista seria Danny Trejo, presente em quase todas as produções de Rodriguez. O trailer agradou tanto que o diretor resolveu produzir o longa, novamente com Trejo como protagonista.

Machete é um ex-agente federal mexicano traído por seus superiores, a mando de seu inimigo, o chefão do tráfico Torrez (Steven Seagal, no auge da canastrice!). Imigrante ilegal no Texas, recebe uma proposta de Booth (Jeff Farrey) para matar o senador McLaughin (Robert De Niro!). Porém, Machete é traído e vira um alvo tanto da polícia quanto dos bandidos. Para se salvar, conta com a ajuda de uma líder rebelde, Luz (Michelle Rodriguez) e da agente da Imigração Sartana Riviera (Jessica Alba).

O longa tem tudo o que se espera de uma produção "exploitation": cenas de ação impossíveis (e divertidíssimas), muita violência, atuações (propositadamente) pobres e muita mulher pelada (eba!)...

Comecemos pelo protagonista: Danny Trejo nunca encabeçou o elenco de uma super-produção, mas sempre é requisitado para o papel do capanga/bandido latino casca-grossa. O papel de Machete (um anti-herói brucutu com cara de poucos amigos que prefere armas brancas), cai como uma luva para o veterano ator (que já tem mais de 60 anos!), acrescentando uma característica surpreendente: apesar de feio e assustador (ou talvez por causa disso), o personagem é absolutamente irresistível para as mulheres! Ele passa o rodo em praticamente todas as atrizes gostosas do filme (como Jessica Alba, Michelle Rodrigues e Lindsay Lohan)!!!

É impressionante como o fator "trash" do filme atraiu um elenco tão rico (dá pra imaginar Robert De Niro como um vilão canastrão?). É um alívio ver Jessica Alba em um papel latino, explorando toda a sua sensualidade (ao contrário de suas outras produções "classudas", aqui finalmente ela aparece nua em um cena lamentavelmente breve). Outro papel perfeito é o de Lindsay Lohan. Aparentemente Hollywood gosta de vê-la em comédias românticas, mas Rodriguez coloca a desajustada atriz no papel de sua vida: uma patricinha perva e muito safada, sem poupá-la de um destino irônico (ela acaba o filme vestida de freira!). Michelle Rodriguez está menos marrenta como de costume, mas está mais gostosa do que nunca. Quem andava sumido é Don Johnson, aqui como um patrulheiro líder de uma milícia de fronteira.

As cenas de ação são exageradas e violentas (claro que a que se destaca é o rapel com intestinos!), mas Rodriguez não tira o foco do drama dos imigrantes ilegais nos EUA, levando a uma interessante discussão a respeito do paradoxo discutido no filme: os americanos não querem que os chicanos entrem em seu país, mas como ficarão sem domésticas, operários e jardineiros, os subempregos que sobram para a "ralé latina"? Como Machete responde a isso? Com sangue!

Quem entrar no espirito descompromissado da diversão trash, vai gostar. Pensando bem, até se você não entrar no espírito vai se divertir. Não gostou? É, você está precisando de umas férias...

Mas cuidado: como diz o slogan do filme, "eles mexeram com o mexicano errado!"

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