terça-feira, 31 de maio de 2011

TARTARUGAS NINJA: O Fênomeno e seu Legado na Cultura Pop!


Um dos primeiros posts do Onari Blog foi a respeito da influência da saga O Exterminador do Futuro na cultura pop. Hoje vou falar de outro fenômeno que se iniciou nos anos 80 e persiste até hoje: As Tartarugas Ninja!

O INÍCIO:

No início dos anos 8o, Kevin Eastman e Peter Laird eram dois amigos que tinham três coisas em comum: gostavam de desenhar, não conseguiam sobreviver apenas com sua arte e estavam duros! Um dia, bêbados, fizeram uns desenhos muito esquisitos: tartarugas portando nunchakus e outros apetrechos marciais (rascunhos reproduzidos abaixo).

Gostaram tanto dos desenhos que resolveram fazer um gibi com os personagens. Usando um dinheiro emprestado (pelo tio de um deles), lançaram a HQ (em preto e branco) Teenage Mutant Ninja Turtles, em 1984. A curiosidade já começa pelo título longo, cuja tradução literal para o português seria Tartarugas Adolescentes Mutantes Ninja (mas que foi batizado apenas de Tartarugas Ninja no Brasil). Cada uma das quatro tartarugas era especialista em um tipo de arma ninja e cada uma tinha uma personalidade diferente, batizada com nomes de pintores renascentistas(!): Leonardo (o líder), Raphael (o esquentadinho); Michelangelo (o brincalhão) e Donatello (o cientista). Os quelônios eram treinados pelo mestre Splinter, um rato mutante.

Com esse curioso conceito e uma campanha esperta de marketing, a HQ logo se tornou um fenômeno de vendas. As primeiras (e violentas) aventuras foram lançadas em 2007 no Brasil pela Devir em um encadernado muito bom (com um interessante prefácio contando toda a história do processo criativo).

Mas a grande sacada dos autores foi expandir os personagens para as mais diversas mídias. Vamos analisar as mais importantes.

DESENHOS ANIMADOS

Sem dúvida, a primeira série de desenhos das Tartarugas Ninja foi a grande responsável por transformá-las em um fenômeno pop. Abusando do bom humor e alterando algumas características dos personagens (cada um tinha uma máscara de cor diferente para auxiliar na identificação - no gibi todas as máscaras eram vermelhas -, a violência dos quadrinhos foi atenuada e todos tinham um apetite gigante por pizza). No rastro do programa de TV, surge uma enxurrada de produtos, de canecas, roupas e material escolar a games, bonecos e os brinquedos mais variados. O desenho teve 10 temporadas, de 1987 a 1996.
Em 2003, outra série de animação foi lançada. Um pouco mais séria e violenta (mais fiel à HQ), não teve tanto sucesso, totalizando 5 temporadas.
Outra série, agora pela Nickelodeon, estreou em 2012, também com sucesso... E é inegável que, devido ao grande apelo das tartarugas, sempre haverá uma série animada para alimentar o sucesso...


FILMES DE LONGA METRAGEM (atualizado em 2015):

Com o sucesso do desenho, em 1990 é produzido o primeiro filme live action com os personagens. Utilizando bonecos da empresa de Jim Henson (criador dos Muppets), o filme teve um sucesso estrondoso, baseando-se mais nos desenhos da TV do que nos quadrinhos.
No ano seguinte é lançada a segunda parte, com humor mais infantil mas com o mesmo sucesso. É lembrada pela participação do rapper Vanilla Ice, hoje praticamente sumido.

Lançada em 1993, a terceira parte tem roteiro um pouco mais ambicioso, ambientado no Japão dos samurais, mas não fez tanto sucesso como os filmes anteriores.
Em 2007 um novo filme dos quelônios é realizado, mas desta vez em forma de animação computadorizada. Um pouco mais fiel aos quadrinhos, não fez tanta bilheteria mas teve uma crítica positiva e fez boa carreira em DVD.
Em 2014, para comemorar os 30 anos das Tartarugas Ninja, foi lançado o mais ambicioso filme live action da franquia. Produzido por Michael Bay (da franquia Transformers), o novo filme optou por utilizar a técnica de captura de movimento ao invés dos atores fantasiados. O resultado foi um visual nunca visto para os quelônios lutadores, desta vez cada um com visual diferente. Bom uso de efeitos visuais, cenas de ação alucinantes, Megan Fox como April e Johnny Knoxville como a voz de Leonardo e muitas referências à cultura pop fizeram deste o melhor filme até agora, embora a crítica não tenha sido tão favorável. Uma continuação é só questão de tempo...


GAMES

No auge da Tartarugamania, o arcade das Tartarugas fez um imenso sucesso. Desde então, praticamente todas as plataformas teve mais de uma versão de game das Tartarugas Ninja, do NES e Mega Drive, passando por todos os portáteis (do Game Boy ao PSP) até os consoles de última geração, como PlayStation e Wii.




ACTION FIGURES:

Com tanto apelo junto às crianças, é claro que os produtos mais populares foram os brinquedos das Tartarugas Ninjas, de jogos a veículos. Mas nada se compara aos action figures. As primeiras (e mais populares) séries foram da Playmates, com muitos acessórios.

Muitas outras versões foram lançadas posteriormente. Destaca-se a série baseada no filme de animação de 2007, bastante fiel ao filme.


A versão mais animal das Tartarugas é a da NECA, em comemoração aos 25 anos dos personagens. Ricas em detalhes e com o visual dos quadrinhos, cada figura vem com diversos acessórios e armas, além da tartaruguinha que a originou. As bases podem ser encaixadas umas às outras, obtendo um único (e lindo) cenário! Da série colorida, eu só tenho o Michelangelo (o que usa os nunchakus), o meu favorito.




Abaixo, um comparativo com o mesmo personagem (Leonardo) em diversas versões:
Na Comic Con de 2008, foi lançada uma coleção exclusiva do evento, com as quatro tartarugas da NECA em preto e branco, como nos quadrinhos! Uma raridade cobiçada entre os colecionadores, essa caixa era um dos meus objetos de desejo. Recentemente consegui adquirir uma numa loja de DVDs e action figures de São José dos Campos. Apesar de ser um pouco careira (essa não é a loja onde eu mais compro), o preço estava razoável (e eu não resisto a uma pechincha, especialmente em se tratando de action figures!). E a versão que eu tenho é mais rara ainda, porque tem o autógrafo do Kevin Eastman! Logicamente, é um dos itens mais valiosos da minha coleção.



Mesmo apresentando um conceito bizarro (mesmo para os dias de hoje), as Tartarugas Ninjas continuam populares, mais de 25 anos após seu lançamento, gerando milhares de produtos. Como diria Michelangelo no popular desenho da TV: "Santa Tartaruga!"

terça-feira, 24 de maio de 2011

Análise: SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO





Scott Pilgrim Contra o Mundo é uma cultuada história em quadrinhos canadense escrita por Bryan Lee O'Malley, adaptada para os cinemas no ano passado e lançada em DVD há poucos meses. A história é aparentemente simples: Scott Pilgrim é um jovem que divide seu tempo entre sua banda e o ócio sem emprego, até que conhece Ramona Flowers, uma americana por quem se apaixona. Para ficar com ela, porém, tem que enfrentar a Liga dos Sete Ex-Namorados do Mal de Ramona.



Apesar de curtir quadrinhos, assisti ao filme sem conferir antes a obra que o inspirou. Assim, não sabia o que esperar, tanto em relação ao enredo quanto em relação à estética e fidelidade à HQ. Até a primeira cena de luta, achei tudo meio esquisito. Depois, comecei a entender e curtir o mundo de Scott Pilgrim.



O filme abusa da cultura pop, declarando o amor do autor (e dos realizadores do filme) à música, ao mundo nerd, ao universo jovem e principalmente, aos video-games. Não sei se o filme é para todos os gostos. Aliás, já cheguei à conclusão que nem todos vão curtir (mesma opinião da distribuidora, já que o filme foi lançado em DVD após um lançamento discretíssimo nos cinemas de São Paulo). Pessoalmente, como meu gênero preferido de games são os jogos de luta (de Street Fighter a Soul Calibur, Tekken e Mortal Kombat), me identifiquei de cara com a estética do longa, que emula à perfeição as coreografias, golpes, linguagem e outras características dos games de pancadaria, como barras de energia, pontos de experiência, combos, chefões de fase e vidas extras. O "Continue?" com a contagem regressiva, no final do filme, é marca registrada desse universo.



Como ainda não tinha lido a HQ, não sabia se o elenco havia sido bem escolhido. Michael Cera faz o protagonista. Fazendo seu papel de sempre, um jovem magricela e sem muitas perspectivas, ele surpreende nas cenas de luta. Mary Elizabeth Winstead faz Ramona, a garota americana por quem ele se apaixona. Os coadjuvantes são todos praticamente desconhecidos, com exceção de Chris Evans (o Tocha Humana do Quarteto Fantástico e atual Capitão América), que faz um dos ex-namorados do mal.



Após assistir ao filme, adivinhem? Fiquei com vontade de conferir a HQ, confesso que com uma pontinha de apreensão. Será que os realizadores tinham feito um bom trabalho na adaptação? Respirei fundo e encarei os três calhamaços que compõem a saga (lá fora foi dividida em 6 volumes), totalizando mais de mil páginas de quadrinhos! Três dias depois (viu como eu leio rápido?), pude confirmar com satisfação que o longa é bastante fiel aos quadrinhos! Não deve ter sido uma tarefa fácil: a história é cheia de referências, metáforas sobre relacionamentos e flashbacks difíceis de serem traduzidos para a telona. De fato, algumas situações (e mesmo algumas cenas de luta) foram modificadas ou até mesmo eliminadas na trasposição cinematográfica. E quer saber? Acredito que a maioria dos fãs achou o resultado bastante satifatório. Até mesmo algumas cenas aparentemente impossíveis de serem adaptadas foram bastante fiéis, mostrando que o diretor Edgar Wright (que também dirigiu Todo Mundo Quase Morto e está roteirizando o filme do herói semi-desconhecido da Marvel, Homem-Formiga) é apaixonado pelo material original. Além disso, o elenco também se mostrou bastante parecido com suas contrapartes gráficas (um grande feito, já que o traço da HQ é no estilo mais infantil ou mangá, dificultando a escolha de um elenco adulto).




Scott Pilgrim Contra o Mundo é um exemplo de como fazer uma adaptação bem-feita (acho que nesse quesito só perde para o Peter Jackson). Entretanto, acho que é um daqueles filmes do tipo "ame ou odeie": só vai gostar quem curte determinados assuntos pop-nerd (mangás e quadrinhos em geral, games de luta, relacionamentos complicados, rock meio alternativo, etc). Adivinhem se eu gostei?... Emulando uma das falas de Scott Pilgrim dos quadrinhos: "RECOMENDO MUITO."

domingo, 22 de maio de 2011

Análise: OLHO POR OLHO



Eu sei que já faz tempo que não posto nada no blog. A verdade é que não tenho tido tempo para assistir a muitos filmes, e vários ainda estão à minha espera na estante. Hoje vou comentar Olho por Olho (Elephant White) um filme a que assisti recentemente. Tive conhecimento dele ao assistir a um trailer (na verdade, era apenas uma cena) que não revelava nada e encerrava com o nome de seu diretor: Prachya Pinkaew.

Para grande parte do público, esse nome provavelmente não quer dizer nada. Entretanto, ele é tão significativo para os amantes dos filmes de pancadaria quanto Steven Spielberg, George Lucas e James Cameron o são para o cinema-pipoca!

Em 2003, Prachya Pinkaew dirigiu Ong Bak, um dos melhores filmes de artes marciais dos últimos tempos, lançando seu protagonista, Tony Jaa, ao seleto grupos dos grandes astros do gênero. O impacto do filme foi tão grande que teve dois efeitos: em primeiro lugar, fez com que Tony Jaa fosse comparado ao grande Bruce Lee. Além disso, Ong Bak foi o precursor de uma renovação no gênero (quase um sub-gênero). Com direção ou produção de Pinkaew, vários filmes foram lançados posteriormente (Nascido para Lutar, Guerreiro do Fogo, O Protetor, Chocolate, Os Meninos Super-poderosos, Ong Bak 2 e 3, entre outros), todos com as mesmas características: uso do Muay Thai e coreografias alucinantes, criativas e acrobáticas.

Olho por Olho é a primeira produção "ocidental" de Prachya Pinkaew. As aspas se devem ao fato de que ele ainda ambienta seu filme no submundo de Bangkok (capital da tailândia) e grande parte da equipe é tailandesa. Entretanto, a dupla de protagonistas veio do cinemão americano: Kevin Bacon e Djimou Hounsou.

Hounsou (Amistad, Diamante de Sangue, Heróis) é Church, um assassino profissional contratado por um milionário para eliminar uma quadrilha de traficantes de escravas (que as viciam em drogas e as obrigam a se prostituir para sustentar o vício) que sequestraram sua filha. Auxiliado por Bacon (seu fornecedor de armas), Church declara guerra aos bandidos. Em meio à matança, uma misteriosa ex-prostituta chamada Mae cruza seu caminho, com grandes consequências. O filme aborda toda a violência das gangues tailandesas, além de um misticismo simbolizado pela imponente figura de um elefante branco (que dá nome ao título internacional) que infelizmente não tem grande destaque na trama.

Olho por Olho decepciona quem espera a pancadaria e as coreografias de Ong Bak. Ainda assim existem muitas cenas de ação e lutas, embora o estilo siga mais de perto os filmes modernos com agentes secretos como a série Bourne (com Matt Damon) e Busca Implacável (com Liam Neeson), em que os protagonistas usam técnicas mais diretas e não tão estéticas, como o Krav Magá e o Kali. No final, o filme ainda reserva uma ou duas surpresas, que embora sejam comuns na filmografia americana ainda representam um requinte bem-vindo para um filme tailandês.

Para sua primeira co-produção americana, até que Prachya Pinkaew se sai bem. Entretanto, para um diretor que revolucionou os filmes de ação e artes marciais e conseguiu até se tornar uma marca (proeza que apenas um seleto grupo -os já citados Spielberg, Lucas e Cameron -conseguiu), ainda é pouco. Esperamos que seja só o começo...