terça-feira, 24 de maio de 2011

Análise: SCOTT PILGRIM CONTRA O MUNDO





Scott Pilgrim Contra o Mundo é uma cultuada história em quadrinhos canadense escrita por Bryan Lee O'Malley, adaptada para os cinemas no ano passado e lançada em DVD há poucos meses. A história é aparentemente simples: Scott Pilgrim é um jovem que divide seu tempo entre sua banda e o ócio sem emprego, até que conhece Ramona Flowers, uma americana por quem se apaixona. Para ficar com ela, porém, tem que enfrentar a Liga dos Sete Ex-Namorados do Mal de Ramona.



Apesar de curtir quadrinhos, assisti ao filme sem conferir antes a obra que o inspirou. Assim, não sabia o que esperar, tanto em relação ao enredo quanto em relação à estética e fidelidade à HQ. Até a primeira cena de luta, achei tudo meio esquisito. Depois, comecei a entender e curtir o mundo de Scott Pilgrim.



O filme abusa da cultura pop, declarando o amor do autor (e dos realizadores do filme) à música, ao mundo nerd, ao universo jovem e principalmente, aos video-games. Não sei se o filme é para todos os gostos. Aliás, já cheguei à conclusão que nem todos vão curtir (mesma opinião da distribuidora, já que o filme foi lançado em DVD após um lançamento discretíssimo nos cinemas de São Paulo). Pessoalmente, como meu gênero preferido de games são os jogos de luta (de Street Fighter a Soul Calibur, Tekken e Mortal Kombat), me identifiquei de cara com a estética do longa, que emula à perfeição as coreografias, golpes, linguagem e outras características dos games de pancadaria, como barras de energia, pontos de experiência, combos, chefões de fase e vidas extras. O "Continue?" com a contagem regressiva, no final do filme, é marca registrada desse universo.



Como ainda não tinha lido a HQ, não sabia se o elenco havia sido bem escolhido. Michael Cera faz o protagonista. Fazendo seu papel de sempre, um jovem magricela e sem muitas perspectivas, ele surpreende nas cenas de luta. Mary Elizabeth Winstead faz Ramona, a garota americana por quem ele se apaixona. Os coadjuvantes são todos praticamente desconhecidos, com exceção de Chris Evans (o Tocha Humana do Quarteto Fantástico e atual Capitão América), que faz um dos ex-namorados do mal.



Após assistir ao filme, adivinhem? Fiquei com vontade de conferir a HQ, confesso que com uma pontinha de apreensão. Será que os realizadores tinham feito um bom trabalho na adaptação? Respirei fundo e encarei os três calhamaços que compõem a saga (lá fora foi dividida em 6 volumes), totalizando mais de mil páginas de quadrinhos! Três dias depois (viu como eu leio rápido?), pude confirmar com satisfação que o longa é bastante fiel aos quadrinhos! Não deve ter sido uma tarefa fácil: a história é cheia de referências, metáforas sobre relacionamentos e flashbacks difíceis de serem traduzidos para a telona. De fato, algumas situações (e mesmo algumas cenas de luta) foram modificadas ou até mesmo eliminadas na trasposição cinematográfica. E quer saber? Acredito que a maioria dos fãs achou o resultado bastante satifatório. Até mesmo algumas cenas aparentemente impossíveis de serem adaptadas foram bastante fiéis, mostrando que o diretor Edgar Wright (que também dirigiu Todo Mundo Quase Morto e está roteirizando o filme do herói semi-desconhecido da Marvel, Homem-Formiga) é apaixonado pelo material original. Além disso, o elenco também se mostrou bastante parecido com suas contrapartes gráficas (um grande feito, já que o traço da HQ é no estilo mais infantil ou mangá, dificultando a escolha de um elenco adulto).




Scott Pilgrim Contra o Mundo é um exemplo de como fazer uma adaptação bem-feita (acho que nesse quesito só perde para o Peter Jackson). Entretanto, acho que é um daqueles filmes do tipo "ame ou odeie": só vai gostar quem curte determinados assuntos pop-nerd (mangás e quadrinhos em geral, games de luta, relacionamentos complicados, rock meio alternativo, etc). Adivinhem se eu gostei?... Emulando uma das falas de Scott Pilgrim dos quadrinhos: "RECOMENDO MUITO."

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