sábado, 7 de novembro de 2009

Análise: STAR TREK


Quando o diretor e produtor J.J. Abrams ( a mente por trás de Fringe, Lost, Cloverfield e Missão Impossível III) assumiu o comando do novo filme da franquia Star Trek (Jornada nas Estrelas), trekkers do mundo inteiro ficaram ao mesmo tempo entusiasmados e apreensivos. Ao mesmo tempo em que o diretor tinha o "fator nerd" necessário para assumir a tarefa, será que ele conseguiria fazer uma abordagem boa o suficiente para agradar tanto a trekkers quanto ao público em geral?


O primeiro acerto de Abrams foi seguir a tendência mundial do cinemão americano: reinventar o ícone. Assim como em Cassino Royale, Agente 86 e Batman Begins, o foco da história é a origem dos personagens clássicos. Ou seja, mostrar Kirk, Spock, McCoy, Sulu, Uhura, Scotty e Chekov como cadetes novatos, em sua primeira missão na Enterprise.
A escolha do elenco também foi inspirada. Nada de astros conhecidos, mas todos talentosos e com algo a contribuir para a reinterpretação de personagens cultuados há mais de 30 anos. Uma das primeiras aquisições foi Zachary Quinto (o vilão Sylar de Heroes) como Spock. Já para o papel de James T. Kirk a escolha foi mais demorada. Não deixou de causar surpresa a escalação de Chris Pine (o par romântico de Anne Hattaway em O Diário da Princesa 2 e Lindsay Lohan em Sorte no Amor) para o papel do protagonista, mas é inegável que tanto ele como todos os outros estão perfeitos nos papéis. Para o papel de McCoy, o médico ranzinza que é o melhor amigo de Kirk, a surpresa foi a escolha de Karl Urban, mais conhecido como herói anabolizado de filmes como Doom, Desbravadores e O Senhor dos Anéis, mas que faz um excelente trabalho. Zoe Saldana, que coincidentemente fez o papel de uma trekker em O Terminal, faz uma Uhura deliciosa. Simon Pegg, Anton Yelchin e John Cho conseguem equilibrar humor com seriedade nos papéis de Scotty, Chekov e Sulu, respectivamente.
O filme já começa eletrizante, com uma batalha entre uma nave da Federação, a USS Kelvin (onde estão a bordo os pais de Kirk) e uma gigantesca nave romulana, comandada por Nero (interpretado por Eric Bana, talvez o nome mais conhecido do elenco, embora irreconhecível sob a maquiagem). Testemunhamos o nascimento de Kirk e um pouco de sua rebeldia adolescente, e acompanhamos a luta do pequeno Spock para ser aceito apesar de ser metade humano. Ambos estão em busca de sua identidade e de seu lugar no mundo e acabam se alistando na Frota Estelar. Kirk logo faz amizade com Leonard McCoy e flerta, em vão, com Uhura. Após 3 anos, uma ameaça ao planeta Volcano faz com que os cadetes embarquem em sua primeira missão a bordo da mais nova nave da Federação, a USS Enterprise, sob o comando do capitão Christopher Pike (Bruce Greenwood). Tanto Kirk quanto McCoy, Uhura, Sulu e Chekov são inexperientes, e ainda não desempenham suas funções do modo com o qual o público está acostumado.
Spock já é um brilhante comandante (embora em constante luta com seus sentimentos humanos), e logo bate de frente com Kirk (carregado de energia e rebeldia pós-adolescente). A relação dos dois sempre foi um dos alicerces da série clássica, e o choque entre as duas personalidades dá o tom do filme, como o fazia na série clássica.
Star Trek equilibra referências da franquia (a mais explícita é ninguém menos que Leonard Nimoy adivinhe no papel de quem) com cenas de ação impressionantes. A minha cena favorita é quando Kirk e Sulu saltam de uma nave e, em queda livre, têm de acionar seus paraquedas e pousar em uma plataforma que está perfurando o planeta Volcano. Lá, eles enfrentam dois romulanos (Sulu armado com uma espada e Kirk golpeando com seu capacete), em uma cena de pancadaria nunca vista nem na TV, nem no cinema!
Resumindo, Abrams fez direitinho a lição de casa, o que resultou em um filme que agrada a gregos e troianos (ou seja, trekkers e gente comum). Eu mesmo nunca fui fanático pela franquia (embora um dos meus filmes favoritos seja Star Trek: Primeiro Contato), mas se os rumores estiverem certos e este for o primeiro de uma nova franquia (o filme foi o que mais faturou de todos), o próximo filme já está na minha lista!
O DVD traz faixa de comentários, making of e erros de gravação. Nada demais, mas o filme em si já é imperdível!

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