sábado, 1 de outubro de 2011

Análise: HERÓIS DO ORIENTE




Quem acompanha o Onari Blog sabe que filmes da Shaw Brothers não são presença constante aqui. Apesar de já ter visto muitos filmes da Shaw, poucos estão entre os meus favoritos. É que eu não gosto muito dos filmes "old school", especialidade do estúdio. Além disso, depois de muitos filmes, as coreografias acabam ficando repetitivas. Mas alguns clássicos merecem uma resenha mais detalhada.




Heróis do Oriente (1978) é um filme a que eu já queria assistir há muito tempo. Dirigido pelo lendário Lau Kar-Leung e estrelado por Gordon Liu (estranho ver o astro cabeludo, mesmo sendo peruca), o filme tem como tema a rivalidade entre China e Japão, presente em grande parte da filmografia marcial chinesa. Aqui a abordagem é um pouco diferente, e até mais divertida. Ah To (Liu) é um lutador de kung fu que é obrigado pelo pai a aceitar um casamento arranjado. Quer dizer, obrigado a princípio, pois quando ele vê que a noiva é a bela japonesa Kung Zi, aceita rapidinho...


Os problemas começam quando Kung Zi revela ser uma exímia artista marcial, proclamando que as artes marciais japonesas são mais eficientes do que as chinesas, provocando a indignação do marido. A discussão acaba em briga (literalmente!), com Ah To e Kung Zi tentando provar qual estilo é melhor (em cenas muito divertidas).


Após perder alguns embates, Kung Zi acaba voltando para o Japão. Uma carta de Ah To (uma tentativa de reaver a esposa) acaba sendo interpretada como um desafio às artes marciais japonesas, e um time de mestres japoneses liderados pelo grande Yasuaki Kurata vai à China para tirar satisfações com Ah To. É aí que o filme esquenta e tem seus melhores momentos. Todo dia Ah To tem que lutar com um especialista em um estilo contando com diferentes técnicas chinesas. Contra o mestre de kendo, ele luta com uma espada chinesa; para enfrentar o mestre de karatê, utiliza o estilo bêbado (que ele aprende em uma tarde, apenas observando o mestre Lau Kar-Leung!). Já para dar conta do poderoso mestre de judô, precisa de uma ajudinha do criado que besunta seu corpo de óleo, hehehe. Muito engenhoso o recurso que ele usa para derrotar o lutador com nunchaku e tonfa: um nunchaku triplo, em uma das coreografias mais complexas e criativas. E por aí vai, até a batalha final, que é contra Kurata, especialista em ninjitsu. No clímax Lau Kar-Leung força um pouco a barra, mas tudo bem...

Claro que, como o longa é uma produção chinesa, o kung fu acaba superando todos os estilos japoneses, mas o diretor Lau Kar-Leung encerra seu filme de maneira digna, pregando a tolerância entre as artes marciais. Um verdadeiro clássico!

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