sábado, 30 de maio de 2009

FIREBALL (Tailândia: O Novo Reduto dos Grandes Filmes de Ação Asiáticos - parte 2)

Ainda continuando a matéria sobre os filmes de ação tailandeses, vou comentar um filme que foi lançado agora em DVD (praticamente sem extras) e conferido por mim ontem: FIREBALL


O filme conta a história de Tai, que acaba de ser libertado da prisão. Assim que sai, fica sabendo que seu irmão gêmeo, Tan, está seriamente ferido no hospital, em coma, há quase 1 ano. Aparentemente, ele esteve envolvido em um violento esporte chamado fireball, mistura de luta e basquete, bancado por perigosas gangues. Passando-se por Tan, ele decide entrar no campeonato para descobrir quem atacou o seu irmão.




Fireball se destaca em vários aspectos. O esporte em si é muito interessante, misturando basquete com muay thai! Uma mistura aparentemente bizarra, mas que acaba gerando as sequências de luta mais brutais dos últimos tempos. As coreografias não são tão acrobáticas e mirabolantes quanto as protagonizadas por Tony Jaa e Dan Chupong, mas são violentíssimas (talvez até mais)! Os combates são tão brutais que não dá pra entender como alguém pode querer encarar esse esporte, hehehe. Tem até uma interessante cena de "treinamento" que parece até aquele esporte francês, o parkour, com os jogadores pulando de sacada em sacada, escalando cercas e muros dentro de um prédio/cortiço, atrás de uma bola.


Outra coisa curiosa é a preocupação de desenvolver o caráter humano dos personagens, em especial a equipe de Tai/Tan: cada um tem uma história, uma motivação para encarar o mortal esporte. Além do protagonista querendo vingar o irmão, temos um jovem lutador querendo provar seu valor e esquecer seu emprego chato, outro que quer apenas juntar dinheiro e comprar uma casa para a mãe, e outro (negro!) que precisa arrumar sua vida com a namorada que está grávida. Até o chefe/treinador da equipe, aparentemente sem escrúpulos, mostra sentimentos a certa altura do filme. É claro que não podemos esperar interpretações dignas de Oscar (hehehe), afinal é um filme de porrada! Mas comparando com os personagens de Tony Jaa, que têm a profndidade de um pires, já é um avanço.


O clímax do filme, claro, é a final do campeonato. É lógico que a equipe do protagonista vai enfrentar a equipe do quase assassino de seu irmão no combate final (esse sim com a profundidade de um pires, hehehe), e a luta é muito, mas muito violenta. Já o epílogo é bem estranho, parece uma deixa para uma continuação, mas, por algum motivo, parece um filme totalmente diferente. Só vendo pra entender. Mas isso não estraga um filme que me impressionou pela vitalidade, brutalidade e criatividade. Não chega a ser um Ong Bak ou O Protetor, mas chega perto. Claro que gosto é gosto, mas podem conferir sem medo.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

TAILÂNDIA: O NOVO REDUTO DOS GRANDES FILMES DE AÇÃO ASIÁTICOS

A partir da década de 70, quando se falava de filmes asiáticos de ação e artes marciais, significava quase que exclusivamente os filmes de Hong Kong, embora China e Japão também dessem suas colaborações. De lá pra cá, muita coisa aconteceu. Bruce Lee iniciou a febre mas morreu logo. Jackie Chan e Jet Li assumiram o posto, mas com a idade suas performances não são mais as mesmas (embora ainda consigam fazer algumas pérolas como New Police Story, Herói e Fearless). Donnie Yen, embora seja da mesma geração dos dois, ainda consegue manter o nível, com excelentes filmes como SPL (Comando Final), Flashpoint e Yip Man.

Entretanto, agora é a Tailândia que está se destacando com os filmes de artes marciais mais arrasadores dos últimos tempos. Vamos dar uma olhada nos mais importantes, todos (com exceção de Chocolate) disponíveis em DVD no Brasil.

Ong Bak - sem dúvida foi o precursor da nova onda de filmes tailandeses. O diretor Phachya Pinkaew e o ator Tony Jaa fizeram um dos filmes mais impactantes dos últimos anos, com sequencias acrobáticas arrasadoras! Jaa é um jovem treinado em Muay Thai com a missão de recuperar a Ong Bak do título, uma cabeça de Buda sagrada que protegia sua vila e que foi roubada. Ação sem parar e de tirar o fôlego (dá até pena dos dublês)!



Nascido para Lutar - refilmagem de um filme tailandês da década de 80, aqui conta com uma equipe de atletas olímpicos e um jovem lutador (Dan Chupong). Ele vive um policial que tem que ajudar uma vila a se livrar de terroristas e desativar um míssil nuclear direcionado a Bangkoc. E dá-lhe ação acrobática e coreografada da maneira mais insana possível.



O Protetor - havia muita expectativa em relação ao novo filme de Tony Jaa, e ele não decepcionou! Aqui ele tem que encontrar seus dois elefantes roubados. Três cenas se destacam: uma longa cena de pancadaria aparentemente sem cortes, em que ele sobe vários andares descendo o sarrafo em quem vier pela frente; a luta com um capoeirista e uma alucinante sessão quebra-ossos com técnicas de torções com mais de 30 capangas!




O Guerreiro do Fogo - com Dan Chupong, de Nascido para Lutar, no papel de um herói que usa rojões (além do Muay Thai, claro) como armas. Apesar da já esperada boa coreografia das lutas, este filme viaja um pouco na maionese: além do vilão usar magia negra, o herói cavalga um rojão, hehehe! Se você entrar no espírito do filme (uma história de super-herói tailandês), vai se divertir.



Muay Thai Chaya - este acaba sendo um caça-níqueis entre os demais, pois na capa do DVD anuncia um filme "na mesma linha de Ong Bak e O Protetor", o que não é verdade. Seu estilo é mais realista, as lutas são mais cruas, sem movimentos acrobáticos e mirabolantes que são a marca registrada de todos os filmes comentados aqui. Apesar disso, é um bom drama(!) sobre três amigos treinados em um estilo de Muay Thai e que tomam rumos diferentes quando crescem.


Chocolate - ainda inédito (oficialmente) no Brasil, o novo filme de Phachya Pinkaew apresenta Jeeja Yanin, uma versão feminina de Tony Jaa! Ela arrasa como uma garota autista viciada em chocolate que tem que detonar uma gangue para vingar sua mãe.



Ong Bak 2 - dirigido por Tony Jaa, este aguardadíssimo filme acaba de ser lançado em DVD no Brasil. Na história, um garoto é criado por uma tribo de mercenários e treinado em vários estilos. Como já era de se esperar, ele protagoniza incríveis cenas de luta, agora combinando várias técnicas, como kendô, kung fu e jiu-jitsu, além do muay thai. A curiosidade é que o filme não tem nada a ver com Ong Bak; o título é aparentemente uma jogada de marketing para atrair o grande público. Mesmo assim, um excelente filme!




Curiosidade: no DVD de Flashpoint (Focus Filmes), o arrasador filme de Donnie Yen, tem um trailer de um filme tailandês chamado Lutas Clandestinas (Hanuman - The White Monkey Warrior), que parece ser muito bom, embora eu tenha visto algumas críticas negativas em outros blogs. Parece que ainda não foi lançado aqui. Se alguém já viu, comente aqui!


terça-feira, 26 de maio de 2009

Filmes Favoritos: RETURNER - O RETORNO


Outra pérola que passou despercebida, Returner (no Brasil, O Retorno) é mais um filme, além de Equilibrium (comentado anteriormente) que pegou carona no sucesso de Matrix (futuro apocalíptico, herói de capa preta, cenas de ação e lutas em câmera lenta). Filmado no Japão com o astro Takeshi Kaneshiro (Clã das Adagas Voadoras), é uma ficção científica que reúne, além do visual de Matrix, vários conceitos de outros filmes, como Exterminador do Futuro e até da série Alien. E quer saber? Funciona que é uma beleza, principalmente se considerarmos que os filmes japoneses têm um estilo diferente do ocidental. Desta vez, porém, o diretor Takashi Yamazaki conseguiu um equilíbrio entre os dois mundos, pois fez um filme semelhante ao estilo americano (mesmo com um orçamento modesto para os padrões hollywoodianos), sem abdicar das raízes nipônicas.

Anne Suzuki é Miri, uma jovem guerrilheira na Terra de 2084. Nosso planeta está em guerra com uma raça alienígena e está quase toda destruída. Em uma última e desesperada tentativa de salvar a Terra, Miri viaja no tempo até 2004 para matar o primeiro alienígena que chegou aqui. Para ajudá-la, contrata (obriga) Miyamoto (Takeshi Kaneshiro), um assassino/ladrão profissional.
Com o envolvimento de um perigoso bandido (Goro Kishitani), a trama esquenta. Com bons efeitos digitais e cenas de ação e lutas bem coreografadas, este filme razoavelmente desconhecido merece ser prestigiado. O DVD (Columbia) tem alguns featurettes rápidos e trailers (pouca coisa, mas alguns filmes mais badalados nem trailers têm...).

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Filmes Favoritos: EQUILIBRIUM



Aparentemente mais um filme B de ficção científica pegando carona no sucesso de Matrix, EQUILIBRIUM passou despercebido nos cinemas e mesmo em DVD. Na minha opinião, deixa a maioria dos filmes de ficção científica de ação (inclusive o badalado Matrix) comendo poeira!

No futuro, após várias guerras, a Terra é regida por um governo autoritário, que, em nome da “paz”, proibiu todas as manifestações de emoção (música, arte, livros), acreditando que os sentimentos levam à violência e à guerra.
Todos são obrigados a tomar uma droga que bloqueia as emoções. Alguns se recusam. Para garantir a lei, foi criada uma espécie de ordem, onde os “sacerdotes” são treinados em uma modalidade de luta chamada Gun Kata (uma das grandes sacadas do filme), uma série de movimentos com pistolas que permite que o lutador mate todos ao seu redor sem levar um arranhão.
Christian Bale (antes de ser o Batman e John Connor) é o mais eficiente sacerdote. Após a traição de seu parceiro, uma série de acontecimentos faz com que ele deixe de tomar a droga e passe a lutar a favor da rebelião. Prepare-se para cenas de ação espetaculares (principalmente se levarmos em conta as limitações do baixo orçamento) em uma história cheia de reviravoltas!
O DVD tem entrevistas, comentários do diretor e do produtor, notas, galeria de fotos, cenas de bastidores e trailers. Nada mal para um DVD lançado já há vários anos e de um filme razoavelmente desconhecido. Espero que este comentário incentive quem ainda não assitiu a conhecer este filmaço!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

GAMES INSPIRADOS EM FILMES DE KUNG FU

Filmes de kung fu e artes marciais em geral são um gênero à parte. Muitos inspiraram jogos de fliperama, computador e video-game. Vamos conhecer alguns games inspirados no gênero.

JOGOS DE LUTA – todos os jogos de luta bebem na fonte dos filmes de kung fu. Street Fighter, Mortal Kombat, Tekken, Virtua Fighter, Dead or Alive, King of Fighters, Soul Calibur, Samurai Showdown; todos têm personagens inspirados em fimes.





ONIMUSHA – esta excelente série retrata a luta de guerreiro samurai contra monstros e demônios. Takeshi Kaneshiro (Clã das Adagas Voadoras, O Retorno) dubla e empresta as feições ao protagonista nas partes 1 e 3, assim como o ator francês Jean Reno (Godzilla, O Profissional, O Código da Vinci), também na parte 3. Um dos destaques é a abertura em CGI na terceira parte, uma das mais lindas e empolgantes já feitas.


JADE EMPIRE – lindo RPG para XBOX onde você pode escolher vários personagens em uma trama de magia e pancadaria passada na china antiga.


JACKIE CHAN STUNTMASTER – neste divertidíssimo game para Playstation, você controla Jackie, descendo o sarrafo em todo mundo para salvar seu avozinho. Os gráficos deixam um pouco a desejar, mas a diversão é garantida.



















RISE TO HONOR – um dos meus favoritos, conta com Jet Li, emprestando a voz e os golpes (graças à técnica de captação de movimentos) ao personagem principal, um tira infiltrado em uma trama de honra e vingança. Pena que os golpes são acionados pela alavanca analógica e não pelos botões, complicando um pouco o controle do personagem. Daria um excelente filme!


CROUCHING TIGER, HIDDING DRAGON - game para Playstation 2 baseado no filme O Tigre e o Dragão, é interessante com gráficos razoáveis, mas não consegur ter o mesmo apelo do filme.


Quem souber de outros, comente!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Análise do DVD: CINTURÃO VERMELHO

Para o espectador brasileiro, Cinturão Vermelho inicialmente chama a atenção pela presença dos atores brasileiros Rodrigo Santoro e Alice Braga. O diretor e dramaturgo David Mamet, praticante de Jiu-Jitsu (que aprendeu com discípulos da família Gracie), decidiu fazer um filme sobre o esporte, mas em vez de manter o foco unicamente nas cenas de luta, teve atenção especial ao roteiro. O filme conta a história de Mike Terry (Chiwetel Ejiofor), um professor de Jiu-Jitsu casado com uma brasileira, Sondra (Alice Braga), e que mantém uma pequena academia. Embora o roteiro deixe isso apenas implícito, o personagem aprendeu a arte marcial no Brasil, onde conheceu a esposa. Atualmente eles moram em Los Angeles, inclusive os irmãos de Sondra, Bruno e Ricardo Silva (respectivamente, Rodrigo Santoro e John Machado), envolvidos no esporte de competição. Mike, por sua vez, tem um código de honra muito forte e não acredita na luta por pontos. David Mamet aborda a história como a trajetória de um samurai, na figura do professor que se recusa a competir nos torneios. Isso irrita a esposa, pois ele tem dificuldades para manter a academia.





A história começa com um acidente envolvendo um dos alunos prediletos de Terry, o policial Joe (Max Martini), uma advogada perturbada (Emily Mortimer) e o próprio Mike. Quando, mais tarde, Mike salva a vida de um ator famoso (Tim Allen), este acontecimento se entrelaça surpreendentemente com o acidente anterior, numa cadeia de acontecimentos que força Mike a deixar suas convicções morais de lado e a lutar em uma competição.


Muitos não gostaram do filme, acharam muito parado e com poucas cenas de ação. Na minha opinião, apesar das pouquíssimas lutas, o roteiro é amarrado e envolvente. O objetivo de Mamet foi destacar o submundo das lutas competitivas e o dilema moral de Mike Terry, que no clímax do filme tem que decidir entre honra e dever, o que culmina em uma cena de luta realista, emocionante e visceral, sob o olhar de seu mestre (o cinturão vermelho do título), interpretado pelo lendário Dan Inosanto, que faz papel de um brasileiro! Se você quer ação hardcore, assista os filmes tailandeses mais recentes. Agora, se você quer um filme de artes marciais com uma trama de verdade, esta é a minha recomendação.


O DVD traz extras muito interessantes. Além do bom making of, tem uma faixa de comentário com o diretor David Mamet e o ex-lutador e apresentador Randy Couture, featurettes sobre os lutadores, e um curioso especial sobre dois mágicos profissionais que participam do filme, Ricky Jay e Cyril Takayama.


terça-feira, 19 de maio de 2009

Filmes Favoritos: CONTATO

Quando assisti Contato pela primeira vez, em 1997, já o incluí na lista dos melhores que já vi (e está lá até hoje). O diretor Robert Zemeckis é um dos meus favoritos, por reunir 3 características: é pupilo de Steven Spielberg, faz bom uso de efeitos especiais (presentes em quase todos os seus filmes) e ainda não cometeu nenhum filme verdadeiramente ruim. Confira: Carros Usados, Tudo por uma Esmeralda, De Volta para o Futuro (toda a trilogia), Uma Cilada para Roger Rabbit, A Morte lhe Cai Bem, Forrest Gump, Náufrago, Revelação, o Expresso Polar, A Lenda de Bewulf e o próprio Contato.
Ao adaptar o best seller de Carl Sagan (famoso pela série Cosmos e que morreu pouco antes da estréia do filme), Robert Zemeckis decidiu fazer um filme de ficção científica da maneira mais realista possível, apesar do apelo obrigatório dos efeitos especiais. Estes, por sua vez, são até certo ponto discretos (às vezes até imperceptíveis, como nas inserções de atores com cenas reais do então presidente Bill Clinton, a exemplo de Forret Gump) com a função de ajudar a história, e não sufocá-la.
Jodie Foster (linda e competente como sempre) é a Dra. Ellie Arroway, uma astrônoma brilhante, que desde pequena é obcecada em descobrir vida extra-terrestre, via ondas de rádio. Seu campo de atuação não é visto com bons olhos pela maioria da comunidade científica, em especial seu superior, o Dr. David Drumlin (Tom Skerritt), que vai ser a pedra no seu sapato durante todo o filme. Infelizmente, Drumlin é consultor do governo e responsável pelas verbas, cancelando o projeto de Ellie. Ela consegue patrocínio na iniciativa privada (representada pelo industrial S.R.Hadden, vivido por John Hurt) e prossegue incansável, renunciando até ao seu amor pelo teólogo Palmer Joss (Matthew McConaughey).
Quando está prestes a ver seu atual projeto cancelado novamente (pra variar, por intermédio de Drumlin), seu sonho se realiza: ela capta sinais de rádio vindos da estrela Vega, a 26 anos luz da Terra. A partir daí o filme aborda de maneira convincente as implicações científicas, filosóficas, religiosas, políticas, pessoais e até bélicas que um evento dessa natureza significaria. Quando Ellie tem sua importância na descoberta diminuída na mídia por Drumlin (ele de novo!), descobre dentro do sinal um código revelando o esquema de construção de uma máquina, que supostamente seria uma espécie de portal transportador. Claro que quando a construção é aprovada, ela fica obcecada em testar a máquina. O problema é que aparecem vários candidatos, inclusive Drumlin (facilmente o personagem mais odiado do filme), que passam por um rigoroso processo de seleção com resultados imprevisíveis (ou não, hehehe).

Já perto do final, quando a máquina é finalmente acionada (aqui os efeitos entram com mais evidência) o filme aponta para um caminho com mais perguntas do que respostas, ainda que seu epílogo esteja dentro do tom realista presente em todo o filme. Contato é emocionante, filosófico, com personagens bem construídos e que faz pensar. Quantas vezes podemos falar isso de um filme de ficção científica? Recomendadíssimo!