Quando assisti Contato pela primeira vez, em 1997, já o incluí na lista dos melhores que já vi (e está lá até hoje). O diretor Robert Zemeckis é um dos meus favoritos, por reunir 3 características: é pupilo de Steven Spielberg, faz bom uso de efeitos especiais (presentes em quase todos os seus filmes) e ainda não cometeu nenhum filme verdadeiramente ruim. Confira: Carros Usados, Tudo por uma Esmeralda, De Volta para o Futuro (toda a trilogia), Uma Cilada para Roger Rabbit, A Morte lhe Cai Bem, Forrest Gump, Náufrago, Revelação, o Expresso Polar, A Lenda de Bewulf e o próprio Contato.
Ao adaptar o best seller de Carl Sagan (famoso pela série Cosmos e que morreu pouco antes da estréia do filme), Robert Zemeckis decidiu fazer um filme de ficção científica da maneira mais realista possível, apesar do apelo obrigatório dos efeitos especiais. Estes, por sua vez, são até certo ponto discretos (às vezes até imperceptíveis, como nas inserções de atores com cenas reais do então presidente Bill Clinton, a exemplo de Forret Gump) com a função de ajudar a história, e não sufocá-la.
Jodie Foster (linda e competente como sempre) é a Dra. Ellie Arroway, uma astrônoma brilhante, que desde pequena é obcecada em descobrir vida extra-terrestre, via ondas de rádio. Seu campo de atuação não é visto com bons olhos pela maioria da comunidade científica, em especial seu superior, o Dr. David Drumlin (Tom Skerritt), que vai ser a pedra no seu sapato durante todo o filme. Infelizmente, Drumlin é consultor do governo e responsável pelas verbas, cancelando o projeto de Ellie. Ela consegue patrocínio na iniciativa privada (representada pelo industrial S.R.Hadden, vivido por John Hurt) e prossegue incansável, renunciando até ao seu amor pelo teólogo Palmer Joss (Matthew McConaughey).
Quando está prestes a ver seu atual projeto cancelado novamente (pra variar, por intermédio de Drumlin), seu sonho se realiza: ela capta sinais de rádio vindos da estrela Vega, a 26 anos luz da Terra. A partir daí o filme aborda de maneira convincente as implicações científicas, filosóficas, religiosas, políticas, pessoais e até bélicas que um evento dessa natureza significaria. Quando Ellie tem sua importância na descoberta diminuída na mídia por Drumlin (ele de novo!), descobre dentro do sinal um código revelando o esquema de construção de uma máquina, que supostamente seria uma espécie de portal transportador. Claro que quando a construção é aprovada, ela fica obcecada em testar a máquina. O problema é que aparecem vários candidatos, inclusive Drumlin (facilmente o personagem mais odiado do filme), que passam por um rigoroso processo de seleção com resultados imprevisíveis (ou não, hehehe).
Já perto do final, quando a máquina é finalmente acionada (aqui os efeitos entram com mais evidência) o filme aponta para um caminho com mais perguntas do que respostas, ainda que seu epílogo esteja dentro do tom realista presente em todo o filme. Contato é emocionante, filosófico, com personagens bem construídos e que faz pensar. Quantas vezes podemos falar isso de um filme de ficção científica? Recomendadíssimo!
Nenhum comentário:
Postar um comentário